CORRIDA “POR TERRAS DE JOÃO BRANDÃO”
CORRIDA “POR TERRAS DE JOÃO BRANDÃO”
Tábua, Portugal
12
mai 2018
16
mai 2018
Atletismo
Resultados
Percursos
CORRIDA EM FAMÍLIA
CORRIDA 10KM
CAMINHADA




“É que João Brandão foi também ele um enorme corredor, se bem que a cavalo, que corria pela liberdade não só individual mas de todo um povo. E é exaltando esses mesmos princípios de liberdade e solidariedade que hoje corremos.”

João Brandão: memória


João Victor da Silva Brandão nasceu a 01 de Março de 1825 no Casal da Senhora, freguesia de Midões, tendo vindo a falecer em Caata, Angola, em 1880.
Casou em 1863, em Candosa, com D. Ana Eugénia de Jesus Correia Nobre, senhora distinta e de família respeitada na região. Foram seus padrinhos de casamento Roque Ribeiro de Abranches Castelo-Branco e sua esposa. Roque Ribeiro era homem de enorme prestígio, tendo feito parte da Junta Revolucionária que preparou a revolução de 24 de Agosto de 1820 e, pelos seus serviços prestados à causa liberal foi-lhe concedido o título de Visconde de Midões. 
Revolucionário e defensor de ideais liberais fez parte, desde 1846 a 1851, de um batalhão dos Cartistas, partido oposto aos Constitucionalistas/Setembristas. “ Era pessoa inteligente e culta. O livro que escreveu demonstra-o. E conseguir quase sempre êxito nas eleições dos deputados que apoiava, também o demonstra. Daí terá vindo a sua desgraça, porque os seus inimigos espreitavam-no.” 


De 1849 a 1854 foi vereador e fiscal da Câmara de Midões. Em 1853 é recebido pelo próprio Ministro do Reino, Rodrigo da Fonseca Magalhães, que lhe concedeu grandes poderes para perseguir ladrões e assassinos na Beira. 
“Mas as grandes violências da família Brandão do Casal da Senhora e de Midões exerceram-se sobretudo a nível do poder local: eleger deputados, dominar a câmara, ter um bando armado. Isso mesmo se passou por todo o país, embora sem atingir tanta gravidade”. 
Entre interesses, perseguições e mortes pouco esclarecidas, no dia 04 de Maio de 1866, vem o Administrador de Oliveira do Hospital a Tábua, Dr. Luís Pereira Abranches, pedir ao colega de Tábua, José Maria das Neves Rebelo Veloso, ordem de prisão contra João Brandão, sem que houvesse qualquer processo contra ele instaurado.


É sob este clima de perseguição política e pessoal que anos mais tarde, na solidão de uma cela, viria a escrever: “
Desde 1828 foi a minha família vivamente perseguida pelo governo dessa época ominosa. Alguns dos meus parentes próximos, culpados e presos como liberais, foram encerrados nos cárceres de Almeida, onde jazeram até que a liberdade vitoriosa terminasse o reinado opressor do despotismo.” 
Consequentemente, é preso sem culpa formada, na cadeia de Tábua, atual Biblioteca Municipal João Brandão. Antevendo um julgamento dúbio, é transferido para o Tribunal da Relação do Porto, ao qual, à data, Tábua pertencia administrativamente.
É posteriormente condenado ao exílio em terras de África, onde mereceu, durante certo tempo, de estatuto especial, tendo apenas de se apresentar regularmente às autoridades e não podendo ter bens em seu nome. Conferindo-lhe o estatuto de homem astuto e empreendedor, rapidamente se rodeou de pessoas que lhe possibilitaram o começo de uma nova vida e de novos negócios. 
Todavia, talvez pelos ecos do seu renascimento, a 17 de Maio de 1880 chega à sua província angolana um novo governador, o Conselheiro João das Neves Ferreira Júnior, que traria ordens para o aniquilar de vez. E assim nesse mesmo ano aconteceu.

João Brandão: território e província da Beira Alta

Sempre se afigurou personalidade primeira da história contemporânea de Tábua, passando a fronteira da esfera regional, para se tornar inclusivamente personagem do imaginário do próprio país. Não é, portanto, por mero acaso que as referencias a João Brandão se estendem de norte a sul do país – manifestas não só na nossa cultura popular, através de lendas e cantigas, contos e literatura, mas na cultura popular do todo um país.
Neste sentido, e sendo também João Brandão um homem com responsabilidades políticas na então Câmara de Midões, será consensual afirmar-se que era profundo conhecedor do atual território que constitui o concelho de Tábua, mas também os concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital, Seia, Santa Comba Dão, Coimbra, Guarda, Covilhã e muitos outros que, por diferentes motivos surgem na referida cultura popular do país.
Todavia, apesar de existirem bastantes referências ao território, entenda-se, cidades, vilas ou aldeias, as referências a sítios e locais são manifestamente poucos. No entanto, há bastantes referências a Tábua, pois foi aqui que se procedeu ao seu famoso julgamento.
Desta forma, tomamos como certo que João Brandão conhecia bem o que é hoje a vila de Tábua e alguns dos seus lugares, uma vez a nossa cultura popular local lhe vai fazendo referência. 
Surgem assim os seguintes lugares na vila de Tábua: 
- Biblioteca Municipal, à data Tribunal, local onde João Brandão foi julgado, considerar para o efeito toda a rua Dr. Francisco Beirão;
- Capela Senhor dos Milagres, pois como cristão que era, aqui viria nem que de passagem, que vem no prolongamento da rua Dr. Francisco Beirão e conduz à
- Pedra da Sé, segundo a tradição oral João Brandão muitas vezes se escondeu, sozinho ou acompanhado do seu bando.

Neste sentido, há todo o mérito em associar esta figura primeira a um evento deste género. É que João Brandão foi também ele um enorme corredor, se bem que a cavalo, que corria pela liberdade não só individual mas de todo um povo.

E é exaltando esses mesmos princípios de liberdade e solidariedade que hoje corremos.


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